domingo, 15 de julho de 2007

Eleições

Eu não queria mas tenho de escrever. Foi dia de eleições intercalares em Lisboa. Nada fora do comum, deviam ter sido umas eleições normais, para os políticos, mas para mim não o foram. Não foram porque a abstenção veio demonstrar-se mais uma vez o maior inimigo da nossa jovem democracia. O dia até estava chuvoso e ventoso, um bom dia para se votar. Praias vazias, mas, centros comerciais cheios. Isto tudo para dizer que os abstencionistas foram 328207, ou seja, 62.6% do total de inscritos. Como podem os nossos políticos, ou melhor, os de Lisboa, por acaso o vencedor nem votou porque não está recenseado no concelho, declarar vitória depois desta vergonhosa conclusão?
E mais, como pode o vencedor pronunciar palavras de glorioso e devastador maior resultado de sempre do seu partido em Lisboa? Como pode ser isso? Esse partido teve menos 17115 votos do que nas ultimas eleições. O que se passa e o que leva os portugueses a desresponsabilizarem-se da vida politica? Ainda não perceberam que são eles próprios que implantam esta situação na sociedade?
Custa assim tanto ir votar?
Se querem protestar votem em branco esse sim é um protesto democrático.
Senhores abstencionistas, não obriguem os outros a pagar o que os senhores fizeram.

sábado, 7 de julho de 2007

O Sonho

Às vezes penso demais, penso muito. Penso numa sociedade mais justa, mais fraterna. Depois penso naquelas almas famintas, oprimidas e privadas de tudo, até da vida. Olho para um lado vejo inveja, olho para o outro vejo rancor. Mas olho para cima ou para baixo e vejo um sonho. Chamam-me sonhador, pois sou. Porque sonho com um mundo em que a fome não existe, sem opressão e sem guerras. Este mundo não pára aqui, não pode. Este mundo tem evoluir como humanidade e avançar para a sociedade dos sonhos. Os sentimentos que à pouco referi, são muitos e são um paradigma do Capital. É assim que querem que sejamos e neste que vivamos. Num mundo sem Humanidade e profundamente desigual. Esta sociedade não será o fim. Não deixo nem que seja só em sonhos.

Sobre Cultura

Num período em que os portugueses são atingidos por um enorme défice cultural, o Governo actualmente no poder e de maioria absoluta, o Estado tentam ou concretizam a entrega dos valores culturais aos grandes grupos económicos, ou a novos-ricos pseudo-intelectuais. Actualmente mais de 50% dos portugueses não lê um livro por ano, existem em Portugal cerca de 800 mil analfabetos, isto sem contar com a iliteracia presente nas mentes dos portugueses.
Todos sabemos que um povo pobre culturalmente é um povo submisso e consequentemente, facilmente controlado e influenciado.
Hoje em dia a cultura chega às mãos dos portugueses através de três jornais desportivos, que para um país da nossa dimensão é das maiores da Europa, telenovelas de duvidosa qualidade televisiva e pedagógica, mas a maior fatia de tiragem tipográfica vai para as chamadas revistas cor-de-rosa em que o nível jornalístico é no mínimo questionável. A cultura integra-se na identidade de um país, por isso não deve ser relegada para segundo ou terceiro plano como se tem feito desde sempre e mais principalmente na segunda metade do século XX no nosso país. A nossa história, o nosso património e os nossos costumes fazem da nossa identidade enquanto povo. Tudo isto, aos poucos, entregue de bandeja ao sector privado, sendo a redução, quase blasfema, do financiamento em Orçamento de Estado para o Ministério da Cultura.
Se vendem, ou melhor, oferecem a nossa identidade para saciar a fome de lucros obscenos dos grupos económicos, como podemos defender a nossa identidade, costumes e sociedade? Já somos privados?