domingo, 18 de novembro de 2007

Ainda Cultura

Os factos integrados na esfera cultural não podem ser separados das frentes de luta geral, nos planos social, político e ideológico. Estes planos são essenciais na construção consistente e na conquista de uma democracia cultural. São de facto instrumentos de uma importância imperativa para o seu avanço. É pois claro que a democracia cultural, tal como a democracia política, terá de ser conquistada, construída e defendida em processos longos e irregulares. A democracia cultural é assim uma peça fundamental na luta social.

Torna-se assim muito interessante a concepção burguesa de cultura, em que inclui apenas a cultura artística. Mas cultura no seu significado mais vasto integra cultura científica, tecnológica, artística e filosófica, a educação, o ensino e a comunicação social. Isto sem falar do ponto de vista antropológico em que cultura integra também a identidade de um povo e a sabedoria popular.

O Homem é um ser criador, exercita a sua humanidade em plena liberdade de acção, mas essa liberdade é-lhe muitas vezes negada pela alienação provocada pelo carácter coercivo do capital.

Por isso, no nosso país, é já um hábito a Cultura ser o parente pobre do Orçamento, de ano para ano encolhendo, esmorecendo e a minguar a presença do Estado no que temos de mais próximo como identidade. O Ministro da Cultura tem um papel meramente residual onde a desresponsabilização, a privatização, o abandono da função democratizadora da cultura e a concentração dos pouco recursos disponibilizados em projectos de propaganda e em apoios de interesses privados é a acção dominante.

Esta é uma politica medíocre e sem projecto. Exemplo disso foi a recente privatização do Palácio da Pena em Sintra e os consequentes despedimentos e aumento do preço dos bilhetes. Uma politica neoliberal onde prevalece a adopção da influência mínima do papel do Estado na promoção cultural. Na utilização de recursos, meios e equipamentos em benefício de interesses elitistas e privados.

É por tudo isto que é necessária outra política cultural. Uma politica, onde possa existir o acesso das populações á fruição dos bens e das actividades culturais, onde seja o Poder Central dinamizador do desenvolvimento da criação, produção e difusão culturais, onde seja valorizada a função social dos criadores e trabalhadores da área cultural, da defesa, do estudo e divulgação do património nacional, regional e local, onde exista um intercambio com outros povos da Europa e do mundo e onde a democratização da cultura seja entendida e praticada enquanto factor de emancipação.

Como já disse somos todos potenciais criadores e acima de tudo somos homens e mulheres e somos possuidores do gene da criação artística, está na nossa natureza. É no fundo um instinto progressista e sinónimo de humanidade que desde os longínquos tempos da história temos utilizado.

Pela aliança entre a inteligência, a criatividade, o sonho e a luta.

Carvalho da Silva & 200 mil

Mahnah Mahnah