quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O Retorno

Será que vou retornar à vida blogástica? Vamos ver, decidi partilhar algum do conhecimento que vou adquirindo no meu périplo estudantil e assim vou publicar no meu espaço os trabalhos que vou realizando no âmbito de diversas cadeiras e até quem sabe ajudar alguns colegas.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Um ou Dois Dólares

O conceito de pobreza é-nos apresentado de uma forma restrita, mas esse mesmo conceito tem uma definição bastante alargada. Desde os factores que conduzem a um estado de pobreza, suas consequências e o que é de facto a pobreza. Para uns ser pobre, é não poder comprar aquele plasma tão bonito que viu na montra, mas para outros pode ser como irão chegar ao fim do mês já sem o salário ou ainda o sonhar com uma sobra de pão.

Assim podemos tentar chegar ao paradigma da pobreza e sua definição. Para o Banco Mundial a pobreza extrema define-se como viver ou sobreviver com menos de um dólar por dia e pobreza moderada como viver ou sobreviver com um a dois dólares por dia. Note-se que a palavra sobreviver não consta na definição oficial constando apenas a palavra viver. Assim sendo e em geral falando da pobreza a um nível mundial estima-se que cerca de um bilhão e cem milhões de pessoas tenham um nível de consumo inferior a um dólar por dia e que dois bilhões e setecentos milhões de pessoas sobrevivam com um a dois dólares por dia.

O que significam estes “números” para nós portugueses? Aparentemente nada, salvo o facto de ser realmente uma questão urgente e dramática. Um problema, várias causas e consequências. Já lá vamos. Antes disso falemos de nós portugueses.

De acordo com o último estudo sobre o assunto do Instituto Nacional de Estatística, datado de 15 de Outubro deste ano, aproximadamente um quinto da população residente em Portugal vivia em risco de pobreza. O que é isto de risco de pobreza? Segundo o mesmo Instituto referenciado à pouco, está no limiar da pobreza o adulto cujos rendimentos anuais sejam inferiores a quatro mil, trezentos e vinte e um euros, o mesmo será dizer, sobreviver com cerca de trezentos e sessenta euros por mês. Existe um preconceito estabelecido na nossa sociedade que nos remete para a explicação mais simples e desresponsabilizadora que existe, nada mais, nada menos de que só é pobre quem quer. Então porque é que os índices mais altos de pobreza se encontram entre os idosos e as crianças? São as faixas etárias mais desprotegidas e sem poderem inverter a sua situação sem o apoio, nomeadamente da Acção Social do Estado ou de instituições Particulares de Protecção Social, ou seja, pobres à força. Tal como eles, existem estratos na nossa sociedade com mais hipóteses de virem a ser pobres, para além dos já mencionados, estão os desempregados, empregados a tempo parcial ou precário (o qual é bastante elevado no nosso país), doentes e deficientes, mulheres, membros de grandes famílias ou de famílias monoparentais e os membros de minorias étnicas.

No universo europeu a pobreza atinge aproximadamente setenta e oito milhões de pessoas, sendo que a taxa de pobreza portuguesa é superior à média europeia.

As causas para se chegar a um nível de pobreza são as mais variadas desde factores politico-legais, factores económicos, factores socioculturais, factores naturais, problemas de saúde, de salientar que uma pessoa doente tem ainda mais propensões para estar sobre o estado de doença e por isso cada vez mais impossibilitada para exercer uma actividade profissional, factores históricos e a insegurança. De facto estes aspectos podem conduzir a um conceito mais específico ao nível das teorias que tentam explicar a pobreza. Oscar Lewis nos anos sessenta lançou uma das teorias mais influentes neste âmbito, a cultura da pobreza, segundo esta teoria, a pobreza é o resultado de uma atmosfera social e cultural mais vasta nas quais as crianças pobres são socializadas. Ou seja, as crianças são educadas segundo uma cultura de pobreza transmitida entre gerações e que leva os jovens desde cedo a não verem razões para aspirar a algo mais. Resignam-se a uma vida de empobrecimento.

A pobreza conduz a consequências dramáticas para os indivíduos e famílias, desde as deficientes condições de alojamento, na limitação de escolhas para os filhos, condições de transporte, vestuário, são inúmeros os efeitos desta condição e que nos levam a um dos mais preocupantes estigmas da nossa sociedade, a exclusão social, que significa o impedimento dos indivíduos de participarem em pleno envolvimento na sociedade. Neste aspecto o estado providencia pode e deve ter um papel activo na atenuação, já não referindo a extinção, deste problema tão dramático que nos atinge em particular e ao mundo em geral.

Termino assim explicando que a ausência de números se deve ao facto de estar a falar de pessoas concretamente e não de matemática ou economia, este é um problema central e humano não podendo ser reduzido a números como é apanágio dos políticos da nossa praça, sendo a sua ausência propositada. Termino também com uma mensagem de esperança e também porque estamos em época natalícia, lembrando que os outros também existem.

Fica a lembrança de que:
• Dezoito milhões de pessoas morrem por ano por razoes relacionadas com a pobreza, sendo que na sua maioria são mulheres e crianças.
• Por ano onze milhões de crianças não chegam a completar cinco anos.
• E que mais de oitocentos milhões de pessoas estão subnutridas.

Feliz Natal e o desejo de um Ano Novo cheio de esperança.

Orlando Almeida

domingo, 18 de novembro de 2007

Ainda Cultura

Os factos integrados na esfera cultural não podem ser separados das frentes de luta geral, nos planos social, político e ideológico. Estes planos são essenciais na construção consistente e na conquista de uma democracia cultural. São de facto instrumentos de uma importância imperativa para o seu avanço. É pois claro que a democracia cultural, tal como a democracia política, terá de ser conquistada, construída e defendida em processos longos e irregulares. A democracia cultural é assim uma peça fundamental na luta social.

Torna-se assim muito interessante a concepção burguesa de cultura, em que inclui apenas a cultura artística. Mas cultura no seu significado mais vasto integra cultura científica, tecnológica, artística e filosófica, a educação, o ensino e a comunicação social. Isto sem falar do ponto de vista antropológico em que cultura integra também a identidade de um povo e a sabedoria popular.

O Homem é um ser criador, exercita a sua humanidade em plena liberdade de acção, mas essa liberdade é-lhe muitas vezes negada pela alienação provocada pelo carácter coercivo do capital.

Por isso, no nosso país, é já um hábito a Cultura ser o parente pobre do Orçamento, de ano para ano encolhendo, esmorecendo e a minguar a presença do Estado no que temos de mais próximo como identidade. O Ministro da Cultura tem um papel meramente residual onde a desresponsabilização, a privatização, o abandono da função democratizadora da cultura e a concentração dos pouco recursos disponibilizados em projectos de propaganda e em apoios de interesses privados é a acção dominante.

Esta é uma politica medíocre e sem projecto. Exemplo disso foi a recente privatização do Palácio da Pena em Sintra e os consequentes despedimentos e aumento do preço dos bilhetes. Uma politica neoliberal onde prevalece a adopção da influência mínima do papel do Estado na promoção cultural. Na utilização de recursos, meios e equipamentos em benefício de interesses elitistas e privados.

É por tudo isto que é necessária outra política cultural. Uma politica, onde possa existir o acesso das populações á fruição dos bens e das actividades culturais, onde seja o Poder Central dinamizador do desenvolvimento da criação, produção e difusão culturais, onde seja valorizada a função social dos criadores e trabalhadores da área cultural, da defesa, do estudo e divulgação do património nacional, regional e local, onde exista um intercambio com outros povos da Europa e do mundo e onde a democratização da cultura seja entendida e praticada enquanto factor de emancipação.

Como já disse somos todos potenciais criadores e acima de tudo somos homens e mulheres e somos possuidores do gene da criação artística, está na nossa natureza. É no fundo um instinto progressista e sinónimo de humanidade que desde os longínquos tempos da história temos utilizado.

Pela aliança entre a inteligência, a criatividade, o sonho e a luta.

Carvalho da Silva & 200 mil

Mahnah Mahnah